segunda-feira, 6 de agosto de 2012

Estuda, Melania!

Boa Noite, Brasil!

Há tempo as pessoas vêm me cobrando que eu escreva um blog e confesso que, com o meu apreço à escrita, essa era uma lacuna que eu mesma sentia, ainda que as redes sociais consigam dar vazão a boa parte dos meus delírios verborrágicos. "Escrevo, logo existo", poderia assim responder à dúvida cartesiana. Passo boa parte do meu tempo livre - cada vez mais escasso - escrevendo, e nesses tempos ativistas tenho dedicado cada vez mais atenção às postagens do Facebook. Encanta-me o poder das palavras, essas palavras que levaram milhares de mulheres às ruas e que nos garantem não apenas o pão mas a diversão e a reivindicação nossa de cada dia.

Mas sempre fui adiando, não por falta do que escrever, e sim por medo da escravidão, de me sentir presa à obrigação de estar sempre publicando em um blog, até que hoje recebi uma sugestão engraçada de minha amiga Thayssa, diante do rumo dos acontecimentos no Facebook. Em meio a uma discussão sobre a Marcha pela Humanização do Parto, que tomou diversas cidades brasileiras no último domingo, deparei-me com um estudante de Medicina que, na falta de argumentos consistentes, resolveu me mandar estudar.

Quem estiver no Facebook (e quem não está?) pode acompanhar a discussão aqui:


Como disseram as minhas amigas, "as ativista pira". Acho que devo ficar lisonjeada, porque todo mundo riu com vontade e até criaram memes com a recomendação "Vai estudar, Melania". Parece que todo mundo chegou à conclusão de que eu sou, de fato, uma pessoa muito estudiosa. Não serei falsamente modesta. Acho que não devemos nos envergonhar porque somos estudiosos. Essa é uma boa qualidade, acredito, e é bem verdade que, além de uma vida acadêmica bastante produtiva, com tantos anos de estudo formal - nem vou contar quantos para não ficar melancólica com a "visita cruel do tempo" - eu também estudo bastante. Não poderia ser professora se não estudasse, porque as dúvidas são imensas, a cada dia maiores. Citando Goethe, "sabe-se somente quando se sabe pouco. Com o saber cresce a dúvida". 

Por outro lado, a boçalidade do referido estudante de Medicina tornou a nossa discussão uma piada pronta. Sim, O CARA SE ACHA. Aliás, ele deve ter certeza de ser uma sumidade somente pelo fato de ser estudante de Medicina. Infelizmente existem pessoas assim. Mal passam no vestibular já se veem como semideuses e essa convicção vai se sedimentando no decorrer do curso. Tenho vários orientados que são a própria antítese desse rapaz, e não posso concordar que TODO estudante de Medicina sofra do mesmo mal, porém preciso reconhecer que essa subespécie existe. Homo sapiens muito convencido de sua sapiência, resvalando para o que os gregos tão bem chamaram de "hybris": confiança excessiva, orgulho exagerado, presunçãoarrogância ou insolência (confiram na Wikipedia).

Daí a querida Thayssa, aludindo ao famoso blog "Escreve, Lola, escreve" sugeriu o nome que adorei: "Estuda, Melania, estuda". Fica, portanto, registrada a ideia e a inspiração, e eu vou tentar compartilhar os resultados dos meus estudos com vocês.

Fica essa imagem deliciosa da Marcha totalmente cult em que, dentre outras "palavras de ordem", as mulheres reivindicaram: "SÓ QUERO ASSISTÊNCIA/ SE FOR COM EVIDÊNCIA". Estou muito feliz por ter chegado essa época em que "Medicina Baseada em Evidências" virou refrão nas ruas.


Um beijo enorme para tod@s vocês e as minhas saudações estudiosas e revolucionárias!

"Viver e não ter a vergonha de ser feliz
Cantar e cantar e cantar 
a beleza de ser um eterno aprendiz..."